Texto escrito por Tainah Medeiros
Ironicamente, se antes ele tinha a função de zelar pela qualidade dos alimentos e, consequentemente, pela saúde dos homens, hoje ele recebe o título de vilão e integra a lista dos condimentos prejudiciais à saúde. O motivo do rótulo não é à toa: o consumo excessivo de sal aumenta a pressão arterial.
O cardiologista Heno Lopes, do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), explica que este aumento da pressão ocorre por conta da propriedade osmótica do cloreto de sódio, principal componente do tempero, que acaba atraindo moléculas de água para si e levando a retenção de líquidos. “Quando o sal entra no corpo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar fluxo de sangue circulando”, esclarece Lopes.
Acontece que os vasos estão acostumados com um determinado volume sanguíneo circulando dentro deles. Quando o sistema sai da normalidade e passa a ser atravessado por muito sangue, os vasos acabam se contraindo para tentar diminuir o fluxo e restabelecer o estado habitual.
Sal faz mal a saúde: O mal que o sal pode fazer!
Há mais de cinco mil anos o sal já
era usado no Egito e na China, mas com uma função diferente da que lhe cabe
hoje: ao invés de temperar os alimentos, ele servia para conservá-los da
deterioração, já que possui característica osmótica, ou seja, retira água dos
alimentos e assim evita que bactérias se proliferem. Em tempos sem geladeira,
essa era a forma utilizada para conservar a comida, e assim permaneceu até o
início do século XX, quando passou a ser utilizado como tempero.
* Sal e a pressão alta * O sal na dieta
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Ironicamente, se antes ele tinha a função de zelar pela qualidade dos alimentos e, consequentemente, pela saúde dos homens, hoje ele recebe o título de vilão e integra a lista dos condimentos prejudiciais à saúde. O motivo do rótulo não é à toa: o consumo excessivo de sal aumenta a pressão arterial.
O cardiologista Heno Lopes, do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), explica que este aumento da pressão ocorre por conta da propriedade osmótica do cloreto de sódio, principal componente do tempero, que acaba atraindo moléculas de água para si e levando a retenção de líquidos. “Quando o sal entra no corpo, ele é absorvido pelo intestino e vai direto para o sangue. Se é consumido em grande quantidade, cai na mesma proporção nos vasos. Como a água do corpo é sugada pelo cloreto, o organismo, na tentativa de manter o equilíbrio e normalizar a falta de água, eleva a pressão arterial para aumentar fluxo de sangue circulando”, esclarece Lopes.
Acontece que os vasos estão acostumados com um determinado volume sanguíneo circulando dentro deles. Quando o sistema sai da normalidade e passa a ser atravessado por muito sangue, os vasos acabam se contraindo para tentar diminuir o fluxo e restabelecer o estado habitual.
Como explica a nutricionista
Camila Leonel, da escola de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo), a constrição dos vasos de fato diminui a quantidade de sangue
circulando pelo organismo, mas a pressão de bombeamento do coração continua
aumentada. “Consequentemente, o órgão não é irrigado adequadamente justamente
quando está com seu trabalho intensificado, o que faz com que seu tecido fique
mais espesso”, completa Leonel. A sequência de alterações pode levar a uma
série de problemas graves: hipertensão arterial, problemas renais, arritmia e
infarto.
Círculo vicioso do Sal
O problema afeta também os rins. “Como têm função de filtrar as
substâncias do corpo, eles são os responsáveis por expelir o excesso de sal. Se
não conseguem retirar o excedente, o cloreto acaba caindo na corrente sanguínea
abundantemente”, explica Lopes.
Os rins têm papel-chave no círculo vicioso em que o organismo entra a
partir do consumo excessivo de sal. “Por não eliminarem totalmente o
excesso do sódio, eles contribuem para o aumento da pressão e simultaneamente
sofre com a hipertensão, que influencia o funcionamento de todos os órgãos.
Em
estado normal, os rins são capazes de filtrar 1.070 litros de sangue, mas com
hipertensão os rins começam a reter resíduos do organismo. Com isso, a pessoa
desenvolve mais problemas nos rins, que ficam com mais dificuldade para
excretar o excesso de cloreto de sódio, reiniciando todo o ciclo”, explica
Lopes.
Em geral, quando há grande desproporção entre as quantidades de água e
sal no organismo, o primeiro sinal evidente é o inchaço nas pernas e nos pés.
Entretanto, normalmente um descontrole dessa magnitude acontece em pessoas com
predisposição genética a ter problemas renais.
O sal lado bom
Tais males não significam que sal e cloreto de sódio devam ser
eliminados da dieta. A sua ausência também tem consequências ruins. A
necessidade diária de sódio para os seres humanos é de 500mg, e a ingestão de
sal é considerada saudável até o limite de 2g (aproximadamente 1/2 colher de
café) por dia.
O consumo médio do brasileiro, contudo, corresponde ao
dobro do recomendado. “O sódio é um dos 22 minerais considerados essenciais na alimentação e
tem papel fundamental na manutenção do equilíbrio e distribuição dos líquidos
corporais (dentro e fora das células), além de contribuir para a contração
muscular e transmissão dos impulsos nervosos, ritmo cardíaco, permitindo o bom
funcionamento do cérebro e o controle adequado das funções vitais do
organismo”, explica Leonel.
Quando há uma queda rápida dos níveis de sódio (hiponatremia), os
principais sintomas são: diminuição da pressão, confusão mental, letargia,
anorexia, convulsões, coma, náuseas, vômitos, câimbras, fraqueza. “Ainda, o sal
de cozinha é para nós a principal fonte de iodo.
A deficiência dessa substância
no corpo pode causar deficiência mental e abortos espontâneos”, completa o
cardiologista Lopes.
Tipos de sal no mercado
* Sal de cozinha —
É o mais usado no preparo de alimentos. De acordo com as leis
brasileiras, o sal de cozinha deve conter iodo para prevenir o bócio,
crescimento anormal da glândula tireoide. Possui 40% de sódio e 60% de cloro.
Porém, é importante não errar na mão na hora de temperar os alimentos. Pelo
alto teor de sódio em sua composição, pode contribuir para o aumento da pressão
arterial caso seja consumido em demasia. O ideal é consumir, no máximo, 2g por
dia.
* Sal Light —
É um produto com teor de sódio reduzido, indicado para hipertensos.
Possui 30% de sódio e 70% de cloro. Cuidado: como seu sabor é mais suave,
deve-se ficar atento para não salgar muito a comida e anular o benefício de
possuir menos sódio. Por conta da alta taxa de cloro, também dá sensação de
ardido. É o mais recomendado pelos especialistas.
* Sal Marinho —
Bastante usado na alimentação funcional, pode ser moído na hora e
misturado com ervas frescas. Como não passa pelo sistema de branqueamento, como
o sal de cozinha, ele permanece com aproximadamente 84 elementos, dentre eles
iodo, enxofre, bromo, magnésio e cálcio, componentes importantes para o
metabolismo e, também, para ativar a glândula da tireoide. Depois do sal light,
é o tipo mais indicado pelos especialistas, pois é rico em minerais.
* Sal Grosso
— Produto não refinado, apresentado na forma que sai da salina. Em
culinária, é usado em churrascos, assados de forno e peixes curtidos. Possui
40% de sódio e 60% de cloro. Por ser em forma granulada, geralmente é consumido
com mais cautela do que o sal refinado, já que pouca quantidade tempera
consideravelmente. Deve ser consumido com parcimônia, pois o consumo exagerado
pode levar à hipertensão.
Medida preventiva do Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde e a Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação)
anunciaram dia 28/08/2012 a terceira etapa do programa para redução de sódio em
produtos processados no Brasil, e estipularam a diminuição do uso de sal nos
caldos, temperos, margarinas e cereais matinais.
A modificação entra em vigor a partir de 2013 e a expectativa é que com
ela a quantidade de sódio no mercado reduza pelo menos 8,8 mil toneladas até
2020. Nas duas etapas anteriores, o ministério e a Abia definiram metas de
redução de sódio em produtos como massas instantâneas, pães de
forma, batatas fritas e biscoitos.
Produtos processados campeões de sódio
1. Macarrão
instantâneo com tempero - 2721 mg de sódio em 85 g
2. Macarrão
instantâneo sem tempero – 1198 mg de sódio em 80g
3. Frango
empanado – 759 mg de sódio em 130 g
4. Hambúrguer
bovino – 567 mg de sódio em 80g
5. Salsicha
– 551 mg de sódio em 50g
6. Hambúrguer
de frango – 525 mg de sódio em 80 g
7. Biscoito
de polvilho – 270 mg de sódio em 30g
8. Biscoito
cream cracker – 230 mg de sódio em 30g
9. Salgadinho
de milho – 176,9 mg de sódio em 25g
10.
Requeijão – 165 mg de sódio em 30
Fonte:
Anvisa
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