Postado por Zero Hora
http://zh.rbsdirect.com.br/ Assessoria de instituto afirma que valores foram doados legalmente, sem qualquer relação com a Petrobras ou eleiçõesFoto: Jonas Ramos / Agencia RBS |
A construtora Camargo Corrêa pagou R$ 3 milhões para o Instituto Lula e R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, empresa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2011 e 2013, de acordo com informações do jornal Estado de São Paulo. É a primeira vez que os negócios do petista aparecem nas investigações da Operação Lava-Jato, que apura um esquema corrupção e cartel na Petrobras.
De acordo com o Estadão, o registro sobre o elo da empreiteira com Lula consta em laudo da Polícia Federal, anexado nesta terça-feira aos autos da investigação.
A perícia foi realizada na contabilidade da Camargo Corrêa de 2008 a 2013, período em que a empreiteira recebeu R$ 2 bilhões da Petrobras. O documento mostra que a construtora repassou R$ 183 milhões em "doações de cunho político", destinadas a candidaturas e partidos da situação e da oposição.
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O Instituto Lula, criado pelo ex-presidente após deixar o Planalto, em 2011, recebeu três pagamentos de R$ 1 milhão cada. Dois são registrados como "Doações e Contribuições": um em 2 de dezembro de 2011 e outro de 11 de dezembro de 2013. O que chamou a atenção dos investigadores foi o lançamento de 2 de julho de 2012, sob a rubrica "Bônus Eleitoral".
No caso dos pagamentos ao LILS, cujo endereço declarado é a própria residência de Lula, em São Bernardo do Campo, a empreiteira registrou o deposito em conta corrente de R$ 337,5 mil, em 26 setembro de 2011, R$ 815 mil, em 17 de dezembro de 2012, e R$ 375,4 mil, em 26 de julho de 2013. Esses valores, que somam R$ 1,5 milhão, são tratados pela empreiteira como serviços de "consultoria".
No mesmo documento da PF, constam os pagamentos da Camargo Corrêa para a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu — laudo aponta que foram lançados como pagamentos para a JD, entre 2010 e 2011, R$ 900 mil, em dez depósitos bancários. O político é investigado por suposto uso das consultorias para empresas do cartel como forma de ocultar propina para o PT. Lula não é alvo de investigação da Lava-Jato.
O Instituto Lula informou ao Estadão, por meio de sua assessoria de imprensa, que os valores registrados na contabilidade da Camargo Corrêa foram doados legalmente, sem qualquer relação com a Petrobras ou eleições. "O Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, tampouco emite bônus eleitorais, o que é uma prerrogativa de partidos políticos, portanto deve ser algum equívoco."
Segundo a assessoria do instituto, "os valores citados no seu contato foram doados para o Instituto Lula para a manutenção e desenvolvimentos de atividades institucionais, conforme objeto social do seu estatuto, que estabelece, entre outras finalidades, o estudo e compartilhamento de políticas públicas dedicadas à erradicação da pobreza e da fome no mundo". A assessoria informou ainda que "os três pagamentos para a LILS são referentes a quatro palestras feitas pelo ex-presidente, todas elas eventos públicos e com seus respectivos contratos". A Camargo Corrêa não respondeu aos questionamentos do jornal.
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